Depois da explosão dos downloads e da internet, várias pessoas deixaram de ir a lojas de discos perguntando se tem o Cd da sua banda favorita, pensando nem duas vezes na hora de comprar. Isso forçou os donos das lojas a fecharem os seus estabelecimentos enriquecidos de discos, não aguentando os poderes que a tecnologia exerce. No caso de Carlos Chiaroni, dono da consagrada loja Animal Records, ainda sente o prazer e o romantismo de vender as coisas que ele mais ama, não dando bola e não se rendendo aos avanços tecnológicos. Na entrevista a seguir, ele fala sobre os 20 anos de Animal Records, da piratária, do Kiss, do Sweden Rock Festival, Lokaos Lançamentos etc. Então, caro leitor, coloque o fone de ouvido que lá vem muito Hard Rock e Heavy Metal.
O Animal Records completou esse ano 20 anos de sua existência de muito Hard Rock e Heavy Metal. Durante todos esses anos, como você definiria a loja em simples palavras?
Carlos: Fidelidade e atitude.
Dando uma volta no tempo, quando foi que despertou o seu interesse pela música?
Carlos: Desde recém-nascido, eu tinha uma vitrolinha e ficava escutando discos. O Rock sempre entrou na minha vida sem conhecer que aquilo era Rock/Hard Rock, tinha 7 ou 8 anos, mas foi com 9 anos mesmo que eu conseguia defini o que era Rock e música Pop quando eu comprei o disco Dynasty (1978) do Kiss. E dali em diante, eu comecei a curtir o Rock em geral. Na época eu ouvia Elton John, Carpenters, Patrick Juvet , que era um cantor Pop francês, Those Guys Band e entre tantas coisas, mas foi a partir dos meus 9 anos que o Rock era a música que me agradava.
Carlos: Não digo que sou o especialista do estilo, eu comecei a vender aquilo que gostava, então, quando colocava alguma coisa que gosto, as pessoas também iam gostar. O Kiss foi o que mudou a minha vida, a banda e a música. Foi como uma etapa nova na minha vida que abracei de coração e alma. E o primeiro disco de rock que comprei foi Dynasty do Kiss.
Há muitos anos o Hard Rock sempre vem sendo um estilo muito criticado pela mídia e gravadoras, dando em conta que eles só sabem julgar o visual e não pelo trabalho que as bandas fazem. Você pensa que um dia isso possa ser revertido?
Carlos: Para mim isso não existe, o cara que fala do Hard Rock sem analisar a música é um idiota. É muito mais fácil você escrachar uma coisa que pede pra ser escrachada. Vamos dar um exemplo do visual apelativo das bandas dos anos 80/90, eles analisavam o cara dizendo: - 'Nossa, olha o cabelo dele', como na realidade eles não analisavam as músicas. Eu quero ver um cara careca fazer uma música da qualidade do Dokken, do Warrant e do Slaughter... Acho difícil isso, mas é muito fácil criticar sem antes analisar a musicalidade da banda. Para mim todas essas bandas tem uma musicalidade fu**da, os caras são ótimos músicos e ótimos profissionais. Agora, a questão do visual não importa! “Mas eu acho muito importante a banda ter um visual legal do que, por exemplo, escrachar o visual das bandas de Black Metal ou das bandas que fazem outro tipo de som”. O visual é importante, ele tem que se associar, mas eu acho que crítica por crítica é ignorância do crítico.
Muitos costumam colocar a culpa na explosão do Grunge dos anos 90 com o som sujo e de blusas xadrez a base de flanela. Se não fosse isso, o Hard Rock seria o gênero mais querido por todos e chegando na cola do Heavy Metal?
É indiscutível que o Hard Rock americano resultou grandes bandas no mundo todo. Mas, nos últimos anos, as bandas suécas tem tido destaque muito grande. Pode se dizer que a Suécia é o berço do Hard Rock hoje?
Carlos: Concordo plenamente contigo! Não é que seja o berço do Hard Rock, eles conseguem fazer bandas muito boas e faz músicas muito boas. O EUA não revelam uma banda de Hard Rock boa desde os anos 90.Os EUA endeusam os dinossauros, mas as bandas menores, que na época eram Trixter e o Slaughter, tocavam apenas em bares. Já a Suécia eles conseguiram trazer cada vez mais bandas de Hard Rock, como por exemplo, o Crashdïet. Eu conheço os caras, são meus amigos e já fiz dois shows deles aqui no Brasil. É uma banda que, pra mim, é destaque. O Hardcore Superstar é uma banda muito boa no disco. O H.E.A.T. é uma banda fenomenal, eles não conseguem fazer uma música ruim; tem uma banda chamada Eclipse, que está lançando seu 4º disco agora, com o cara chamado Eric Martensson, que fez o W.E.T junto com o Jeff Scott Soto. Esse cara, para mim, é a maior revelação do Hard Rock dos últimos tempos: ele compõe, ele toca, ele canta, ele é muito bom. E na Alemanha também tem muitas bandas que eu gosto. Tipo Pink Cream 69, Bonfire, que é dos anos 80 e que eu amo muito. Mas, nos EUA, eles tem aquelas bandas nostálgicas que se reúnem, às vezes, pra tocar três ou quatro bandas no mesmo lugar, caso do Keel, Black N' Blue, Helix, Kik e Faster Pussycat. Mas é para os velhos, a molecada nova não seguiu. Eu acho que, nos EUA, não surgiu nenhuma banda que eu possa dizer: - Pô, essa banda é legal e surgiu nos EUA fazendo Hard Rock. E hoje, pra mim, a Suécia é o berço do Hard Rock do mundo.
Nos últimos 2 anos têm surgido grandes bandas do estilo, como por exemplo: Paradise Inc., B.I.T.E, Slippery e o Sioux 66, que é a banda do seu compatriota Bento Mello (Lokaos Rock Show e guitarrista do Sioux 66). Qual é a sua visão a respeito dessas bandas? Já que o Tempestt é a referência, não sei pode dizer assim.
Quer ver o resto dessa nova entrevista? Espere pela próxima semana só aqui no Marlene News! Está imperdível!
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