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10 de out. de 2012

Arquitetura da sede do Museu:


  Casa Bandeirista (Memórias da Cidade de Mauá)

O morador de Mauá deve orgulhar-se , pois a cidade tem ,entra outras relíquias de incontestável valor histórico-cultural, um casarão da época colonial, cuja arquitetura setecentista, remonta ao período inicial da ocupação territorial paulista: a sede da Casa da Cultura e Museu Barão de Mauá.
Na verdade, além de Mauá, pelo menos outros quatro municípios paulistas contam com exemplares de “Casas Bandeiristas”. São eles: São Roque, Santana do Parnaíba, Cotia e a capital. Apesar de algumas variantes estéticas, podemos afirmar que tanto a técnica de construção empregada, denominada taipa de pilão, como o esquema da planta dessas casas caracterizam um modelo arquitetônico genuinamente paulista, com certa inspiração ibérica, não encontrado em nenhum outro estado brasileiro. Aliás, devido a suas características, são consideradas a primeira manifestação arquitetônica brasileira.
Quais seriam, então, os indicativos ainda existentes no Casarão, hoje Museu de Mauá, que caracterizam enquanto Casa Bandeirista ou colonial paulista? Em primeiro lugar, o método de sua construção, baseado na técnica de taipa, isso é, a terra argilosa socada entre pranchões, proporcionando paredes de até 70 cm de espessura. Em seguida, as linhas retas de suas janelas, nas quais se encaixam naturalmente batentes sem a utilização de dobradiças. Em alguns batentes, inclusive, ainda hoje estão os orifícios quadrados, nos quais eram introduzidas madeiras, formando assim grades protetoras, evitando a penetração de animais e /ou protegendo contra ataques indígenas.
Além desses fatores, devemos chamar atenção para o esquema da planta dessas casas bandeiristas, cujo estudo nos permite identificar alguns traços do “modus vivendi’’ da família paulista de então”. De acordo com o projeto seiscentista, de origem renascentista, a faixa fronteira da casa, tomada pelo alpendre central, tem aos lados a capela e o quarto de hóspede; atrás dessa faixa e conservando de certo modo as mesmas divisões da fachada, distribuem-se lateralmente os quartos de dormir e, na parte central, uma sala terminada por pequenos compartimentos de uso secundário. Em algumas dessas moradas encontramos ainda o sótão, destinado ao armazenamento de parte da colheita e de ferramentas de trabalho.
Atualmente, sobre esses monumentos, entre os quais inclui-se o casarão do Museu Barão de Mauá , nos restam , além do próprio edifício , fragmentos cuja interpretação desafia o pesquisador pelo aspecto de quebra cabeças que assumem , em decorrência de lacunas tanto  na documentação quanto na bibliografia histórica . A tal ponto que o arquiteto Carlos Lemos, investigando sobre o assunto, chegou a afirmar que a Casa da Bandeirista era uma Esfinge semi-decifrada.

Por: Jéssica Silva

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