Casa Bandeirista (Memórias da Cidade de Mauá)
O morador de Mauá deve orgulhar-se , pois a cidade tem ,entra outras
relíquias de incontestável valor histórico-cultural, um casarão da época
colonial, cuja arquitetura setecentista, remonta ao período inicial da ocupação
territorial paulista: a sede da Casa da Cultura e Museu Barão de Mauá.
Na verdade, além de Mauá, pelo menos outros quatro municípios
paulistas contam com exemplares de “Casas Bandeiristas”. São eles: São Roque,
Santana do Parnaíba, Cotia e a capital. Apesar de algumas variantes estéticas, podemos
afirmar que tanto a técnica de construção empregada, denominada taipa de pilão,
como o esquema da planta dessas casas caracterizam um modelo arquitetônico
genuinamente paulista, com certa inspiração ibérica, não encontrado em nenhum
outro estado brasileiro. Aliás, devido a suas características, são consideradas
a primeira manifestação arquitetônica brasileira.
Quais seriam, então, os indicativos ainda existentes no Casarão, hoje
Museu de Mauá, que caracterizam enquanto Casa Bandeirista ou colonial paulista?
Em primeiro lugar, o método de sua construção, baseado na técnica de taipa,
isso é, a terra argilosa socada entre pranchões, proporcionando paredes de até
70 cm de espessura. Em seguida, as linhas retas de suas janelas, nas quais se
encaixam naturalmente batentes sem a utilização de dobradiças. Em alguns
batentes, inclusive, ainda hoje estão os orifícios quadrados, nos quais eram
introduzidas madeiras, formando assim grades protetoras, evitando a penetração
de animais e /ou protegendo contra ataques indígenas.
Além desses fatores,
devemos chamar atenção para o esquema da planta dessas casas bandeiristas, cujo
estudo nos permite identificar alguns traços do “modus vivendi’’ da família
paulista de então”. De acordo com o projeto seiscentista, de origem
renascentista, a faixa fronteira da casa, tomada pelo alpendre central, tem aos
lados a capela e o quarto de hóspede; atrás dessa faixa e conservando de certo modo as mesmas divisões da fachada,
distribuem-se lateralmente os quartos de dormir e, na parte central, uma sala
terminada por pequenos compartimentos de uso secundário. Em algumas dessas
moradas encontramos ainda o sótão, destinado ao armazenamento de parte da
colheita e de ferramentas de trabalho.
Atualmente, sobre esses monumentos, entre os quais inclui-se o casarão
do Museu Barão de Mauá , nos restam , além do próprio edifício , fragmentos
cuja interpretação desafia o pesquisador pelo aspecto de quebra cabeças que
assumem , em decorrência de lacunas tanto
na documentação quanto na bibliografia histórica . A tal ponto que o
arquiteto Carlos Lemos, investigando sobre o assunto, chegou a afirmar que a
Casa da Bandeirista era uma Esfinge semi-decifrada.
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