Entrevista com Antônio Carlos Monteiro- Parte 3
ACM: Como falei, eu conheço os Stones desde 68, quando ouvi a música Jumpin' Jack Flash. E aquilo bateu forte em mim, que é uma baita música. Eu fui conhecendo mais e fui gostando cada vez mais, e que até hoje estamos ai. E, infelizmente, não conheci nenhum deles e também nunca falei com nenhum deles. Acho que vai ser muito difícil de isso acontecer, porque eles já estão quase aposentados e bem reclusos, mas tudo bem, está valendo. O meu segundo maior ídolo, que é o Alice Cooper, eu já entrevistei pessoalmente. E uma coisa compensa a outra e vamos em frente.
E para saciar ainda mais a sua paixão pelos Stones, você tem uma banda que presta tributo à banda chamada Jack Flash. O que é mais complicado: ser redator de revista ou tocar as músicas da sua banda favorita?
ACM: Cada um tem as suas dificuldades, mas é um prazer muito grande e, por isso, eu faço as duas coisas. Escrever para mim já virou uma coisa muito rotineira, porque eu já faço isso há muito tempo. E fazer show com a banda é uma coisa diferente, porque cada lugar em que a gente toca é uma novidade. Não existem dois shows iguais, por mais que você vá com o mesmo repertório, sempre tem uma novidade e um público diferente. São emoções diferentes, mas só que muito gratificantes. E sobre a pergunta que eu pulei com relação há quantos anos que eu comecei a tocar guitarra, comecei um pouco tarde, quando eu tinha mais ou menos uns 15 anos.
Há um tempo, e que fiquei sabendo recentemente, você montou um projeto chamado Dusty Old Fingers, que conta a trajetória do guitarrista Brian Jones, fundador e guitarrista dos Rolling Stones. De onde surgiu o ponta pé inicial dessa ideia? Já tem a previsão de lançamento desse CD?
ACM: Essa ideia surgiu de uma parceria com um grande amigo meu, o Fabiano Negri, que é o vocalista e compositor. Ele foi integrante de banda muito conhecida chamada Rei Lagarto, daqui de Campinas. E ele tocou comigo numa outra banda que eu tinha que era de covers. E temos uma afinidade muito forte e surgiu a ideia de fazer uma opera-rock, mas não tinhamos o assunto definido. Eu já tinha colaborado com ele em algumas letras. E ai a coisa foi tomando forma, que surgiu a ideia de fazer uma coisa baseada no blues-rock e no rock clássico. Esse desenvolvimento veio naturalmente em contar a história do Brian Jones: eu fiz as letras, o FN fez os arranjos das músicas, criamos o repertório... Estamos gravando o disco, ele já está na reta de chegada. Falta gravar alguns vocais, colocar alguns teclados e alguns complementos e que, por sinal, vai ter uma vocalista convidada. Imaginamos que, ainda esse ano, o disco vai ser lançado.
Nos últimos anos, têm surgido grandes bandas do heavy metal mundial e nacional. Quais bandas têm chamado a sua atenção durante todos esses anos?
ACM: Eu gostei do Mastodon. Acho uma banda interessante. Eu tenho ouvido bandas mais novas na área do rock clássico e do rock setentista. Tem surgido muita coisa legal. Tem uma banda chamada Rival Sons, que é muito bacana. O My Dynamite, que me impressionou bastante e que vai muito na linha do Black Crowes. No heavy metal tem uma banda muito legal chamada Texas Hippie Coalition, acho bem bacana. E tem uma que recomendo, e que não é tão nova, chamada St. Madness. É do Arizona (EUA), já lançou vários discos e está lançando mais um. É um heavy metal bem interessante com um vocalista muito bom. Aqui no Brasil, uma banda que eu acho muito boa é o Kamala, que é daqui de Campinas. E também tem aquela banda que ganhou o Wacken Metal Battle em 2010, o Cangaço. Não sei se eles estão na ativa, mas é uma banda espetacular! São três músicos fantásticos, com um conhecimento musical e uma habilidade nos instrumentos muito grande. Se eu imaginasse que você ia perguntar isso, eu ia fazer minha lição de casa, porque daqui a pouco lembro de alguém e passou por batido, mas por ora são esses mesmo.
Você sempre recebe material de bandas nacionais para comentar na sessão Garage Demos na Roadie Crew. Quais as bandas dessas que você pegou que você destacaria como a mais importante para o futuro do heavy metal nacional?
ACM: Faz tempo que eu não pego nada para essa seção... E eu vou te falar com toda franqueza: eu tenho achado essa turma que está começando anda bem fraquinha. Hoje em dia, na mesma forma que fazer um blog, é muito fácil você gravar um disco também. E hoje, se quiser, você grava um disco no teu quarto. E isso está nivelando um pouco por baixo, porque o pessoal não está muito preocupado com a qualidade. Eu não tenho ouvido nada que, realmente, me impressione e permita dizer que a banda vai longe. Faz tempo que não acontece isso.
Atualmente, o CD físico passou a ser segundo plano por conta da internet e downloads ilegais. Mas ainda tem pessoas que continuam com o sangue de colecionador de discos e compra as edições remasterizadas que vem com bônus, DVD etc. Você ainda faz parte desse clube?
ACM: Eu gasto muita grana com disco. Não sei se você chegou a ver no meu blog da Roadie Crew, mas tem um texto meu chamado "Os quatro idiotas do Mundo", que são aqueles caras que ainda gastam dinheiro com disco. E eu sou um deles e compro direto! Agora mesmo vai sair uma coletânea dos Rolling Stones e que já está na minha lista. Assim que sair, eu já vou atrás, menos sabendo que eu tenho tudo o que vai sair por lá e etc. E não tem problema nenhum, vai ser mais um para minha coleção. Adoro colecionar disco.
Quais foram às entrevistas mais legais e ruins que você já fez? Tanto na Metal, na Rock Brigade e na Roadie Crew.
ACM: Eu gostei muito de entrevistar o Alice Cooper. Foi muito bom, porque ele é meu grande ídolo. Ele é muito bom de entrevista e sabe como tratar a imprensa, e é um cara educado pra caramba! Eu tinha um tempo muito reduzido, mas rendeu bastante de fazer uma matéria bem legal e que isso foi marcante para mim. E recentemente entrevistei o vocalista do Lynyrd Skynyrd, Johnny Van Zant. Um pouco antes de ele subir no palco para cantar no SWU, do ano passado, e eu consegui essa brecha de falar com ele. É um cara sensacional. É um homem simples, um cara do bem e muito gente boa, mesmo. Teve uma vez que eu fui entrevistar o cara do Sweet e que, ele, não estava a fim de dar entrevista, e complica um pouco, ficou respondendo com má vontade. Mas nunca tive um problema sério, ninguém bateu o telefone na minha cara e nem nada desse tipo. Por sorte, nisso ai, estou tranquilo até hoje.
Quais são os seus planos para o futuro e quais são as novidades a respeito da Roadie Crew para a próxima edição?
ACM: O que é de respeito a mim, a minha grande missão no momento é completar esse Background dos Rolling Stones, que está sendo um trabalho muito legal, e que está sendo mais gratificante do que trabalhoso. Com relação à revista, há algum tempo fizemos alguma mudanças gráficas. Temos mais algumas seções há serem engatilhadas para colocar no ar. Infelizmente, ainda não posso divulgar nada, porque ainda estamos em fase de planejamento. E com relação a mim, pessoalmente, estou fazendo o disco do Dusty Old Fingers, que ainda deve sair esse ano. E eu vou estrear esse programa de rádio e que, em breve, vocês terão novidades a respeito. E continuar escrevendo nos blogs que tem por ai. Eu escrevo num blog sobre cinema, em que falo dos filmes que tem a ver com rock. Enquanto estiver disposição e saúde, eu vou estar na correria.
Antes de encerrar a entrevista, tem como citar o seu Top 10 de discos favoritos?
ACM: Esse é o tipo de pergunta cruel... E é tipo de pergunta também que, se fizer amanhã, a resposta muda. Então vamos lá…
1) The Beatles - Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band
2) Rolling Stones - Tattoo You
3) Alice Cooper - Love It To Death
4) Deep Purple - Machine Head
5) Led Zepellin - Volume II
6) Black Sabbath - Volume I
7) Jimi Hendrix - Are You Experienced
8) The Who - Quadrophenia
9) Made In Brazil - Jack o Estripador
10) Sepultura - Schizophrenia
Muito obrigado pela entrevista! Parabéns pelo trabalho bem feito, que são quase 30 anos que você escreve sobre rock. Deixo todo espaço para dizer o quiser.
ACM: Eu te agradeço muito pela oportunidade. E eu gostei da sua pauta, você pesquisou muito a meu respeito. Fez um ótimo trabalho e, continuando assim, está indo para o caminho certo.
Por Gabriel Arruda da Silva
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