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27 de set. de 2012

Entrevista com Michele, professora na escola Marlene Camargo Ribeiro.


1) Porque a senhora decidiu ser professora?
“O que mais me motivou a ser professora e lecionar especificamente sociologia foi porque acho que esta profissão é uma ferramenta de transformação da sociedade, não a educação em si, mas sociologia é uma forma de trazer um pouco de crítica para cabeça dos alunos”.

2) Há quanto tempo a senhora dá aulas?
“Dou aulas desde 2004, portanto oito anos”.

3) Além do Marlene a senhora é professora em outras escolas?
“No momento não, pois estudo”.

4) Se a senhora não fosse professora, gostaria de seguir qual outra profissão?
“Seria costureira (risos), pois gosto de trabalho manual, trabalho em que ninguém manda em você, um trabalho autônomo e também um trabalho onde temos a liberdade de criar”.

5) O que a senhora está achando do projeto ‘Jovem de Futuro’?
“Interessante”.

6) Em sua opinião, os alunos estão realmente se dedicando para o projeto?
“Eu acho que tem um grande esforço, mais do que se dedicar ao projeto, pois são atividades que não se restringem apenas à sala de aula. É sempre mais gostoso quando você sai da sala, você precisa criar, você precisa correr atrás, fugir um pouco do giz, da lousa, do caderno é sempre mais legal. As atividades propostas são interessantes e quando você gosta do que faz, se dedica mais”.

7) Sabemos que recentemente a senhora apresentou um trabalho na Suíça, como foi a experiência?
“Apresentei um trabalho sobre o processo de urbanização e produção de alimentos alternativos dentro das cidades. Foi bem legal, pois tinha pessoas de vários lugares, da Espanha, da Eslovênia e o que eu apresentei entra no meu pensamento de uma crítica de urbanização, como acabar com as áreas verdes em nome das estradas, o que é errado! Então foi legal para expor essa ideia pensando em outra sociedade que não está voltada para o urbano, mas para uma integração maior das pessoas no espaço onde vivem. Além de conhecer outras pessoas que também se dedicam a outras questões e estão tratando de transformar o mundo, a sociedade onde vivem, a partir de suas perspectivas”.

8) A senhora teve a oportunidade de ver como é a educação dos suíços?
“Não, mas em outras viagens conheci experiências diferentes de educação, por exemplo, a Espanha está passando por uma crise, por lá há muitas assembleias populares e a partir daí estão formando uma espécie de educação popular, grupos de estudo, cursos, tudo isso nas periferias da cidade organizadas pela própria população.”

9) A senhora acha que os jovens de hoje podem ser a esperança de um futuro melhor para o Brasil?
“Falando apenas do Brasil, infelizmente não, talvez os jovens da década de 70, 80, mas os de hoje não! Por exemplo, no Chile é outro contexto, os jovens de 15, 17 anos são politicamente conscientes dos problemas sociais do país, no ano passado foram eles que planejaram as maiores manifestações que o Chile já viu, com mais de 500 mil alunos nas ruas e escolas protestando por melhores condições de ensino, pois no país as escolas de ensino médio e universidades são pagas. No Brasil, a maior parte dos jovens de 15, 17 anos se preocupam em acessar o Facebook, se divertir, etc. Ao mesmo me motiva continuar dando aulas para mostrar este outro lado da sociedade para os alunos. Para mim nada está perdido, porém neste momento os jovens deveriam se formar politicamente, entender os problemas que vivem, mas isso não acontece!”.

10) Quais são os seus hobbies favoritos?
“Gosto muito de ler, gosto de fazer trilhas, participo de um grupo de muralismo que faz pinturas e grafite em muros, participo de um grupo político que não tem ligação com o governo, jogo bola, etc. Acho um tempinho para tudo isso (risos)”.

11) Uma frase que te inspire?
“Os outros não são uma ameaça, são uma possibilidade” (Eduardo Galeano)
“Gosto desta frase pois ela nos faz refletir em parar de ter medo dos outros, vivemos hoje na Sociedade do Medo, onde as pessoas ficam trancadas porque tem medo, não saem porque tem medo..., então devemos parar de ver o outro como perigo, e sim como uma possibilidade”.

12) Michele por Michele.
“Na escola sou séria, não quanto pareço. Sou simpática com seriedade, e nunca aceitei nenhum tipo de injustiça, nunca concordei em maltratar uma pessoa porque ela é faxineira ou coletora de lixo, para mim, a injustiça seja ela qual for isso é ruim, gosto de lutar pelas coisas não somente para mim, mas para os outros também, isso de certa forma me encaminhou a fazer Sociologia.”
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Por Jonathan Olavo & Amanda Rodrigues

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