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9 de out. de 2012

Terceira Parte da Entrevista Com Carlos Chiaroni

Terceira Parte da Entrevista Com Carlos Chiaroni

No quadro sempre tem a sessão "Nostalgia", que comenta os grandes discos do Hard anos 80/90 em LP. É difícil escolher algum disco que não teve tanta importância para o público e comentar sobre ele?

Carlos:
Não, eu escolho aquilo que eu acho legal, e até hoje não teve ninguém que discordo. Não vou colocar o Master Of Puppets (Metallica) e o The Number Of The Beast (Iron Maiden), mas eu posso colocar, por exemplo, o disco solo do Adrian Smith, In Project, que é um puta disco de Hard Rock sensacional que ninguém conhece. Eu escolho os discos que acho importante, para mim, e quero mostrar que também é importante para vocês. E até agora eu tenho acertado, porque essa sessão faz muito sucesso e todo mundo comenta e fala. E isso eu acho bacana.


As vendas dos Cds caíram muito com o surgimento da internet e dos downloads. A bola da vez agora são os Dvds, que quando é lançado já é postado no YouTube e também em sites de downloads. Você acha que, se continuar assim, as lojas de discos vão falir daqui alguns anos? Porque a Galeria, hoje, só tem poucas lojas de discos.

Carlos:
Essa pergunta eu vou extendê-la mais pouco, o que você falou que viu poucas lojas de discos na Galeria do Rock. Vamos falar do Cd: o Cd ainda existe. Acho que ele ainda tem uma vida útil boa, porque tem colecionador que comprará e quer as edições especiais, bônus e que quer ter o Cd físico. A nossa ideia é lutar para que a molecada entenda que o Cd físico é muito mais legal do que você ter em um arquivo. Já o DVD, eu concordo com as gravadoras que eu tenho contato, que eles tão cada vez mais escassos e que vão lançar cada vez menos por causa do Youtube. O Cd você escuta dirigindo, escuta em casa, escuta almoçando e em qualquer lugar. E o DVD não, você tem que parar na frente da TV e perder o seu tempo assistindo. Então você fala pra mim, você compra o DVD e o assiste quantas vezes? Uma, duas e depois fala: "ah, já vi." E no Youtube você coloca a música do DVD e vê na hora. Então eu acho que o Youtube e DVD são questões de tempo e não vão existir mais, ele vai vir em bônus de Cd, de edições especiais e etc. Mas, cada vez menos, a gravadora tem lançado DVD. E o Blu-Ray nasceu morto. Apesar da ótima qualidade, ninguém vai relançar os clássicos em Blu-Ray e que vende muito pouco, que é aquela meia dúzia de lançamentos dos caras que querem ter e depois vão assistir uma ou duas vezes. Eu sinto que o DVD ele morre não só pelo Youtube, mas também pelo tempo que despende da pessoa ficar assistindo. É que nem filme, o cara vai ver uma vez e não vai ver de novo. Com relação à Galeria, nos tivemos um manifesto na semana passada feito por uma loja daqui comentando que não existe apoio do síndico para lojas de Cd, que são responsáveis pelo nome Galeria do Rock. O que tem aqui é subproduto: anel, piercing, tatuagem, corrente. Falar que isso é Rock?... Isso pode ser vendido na feirinha da madrugada, na 25 de março e etc. Então o que acontece: nós temos aqui sobreviventes que estão aqui com loja e todos pensando, de uma forma ou de outra, no seu estabelecimento. Se fôssemos mais unidos, nós poderíamos ter outra resposta e trazer de volta esse público que deixou de vir a Galeria por certos motivos. Além disso, nós temos um síndico que dá uma declaração dizendo "que nós vendemos peças de museu e que o Cd acabou". Isso foi muito ruim e foi uma infelicidade muito grande a dele, mas eu quero mostrar para ele que não é assim e que a realidade hoje é outra, porque existem pessoas que compram e que querem vir aqui na Galeria. Só que o público da Galeria mudou, hoje tem muita gente aqui só querendo vir passear com pais e que não estão nem aí para os discos. Sinceramente, colocar na cabeça de um moleque de 14, 15 e 16 anos e falar o que é um Cd para ele e que tem um Vinil legal que vale muito a pena, acho difícil. E, infelizmente, o síndico da Galeria, que de Rock não entende nada, deu uma declaração dessas que foi muito infeliz e que, de uma forma ou de outra, colocou que somos vendedores de peças de museu e de antiguidades. Se o nome Galeria do Rock existe é graças às lojas de discos.


Eu o vi falando na entrevista do Lokaos Rock Show dizendo que na época que não tinha internet e downloads, quando chegava um Cd do Kiss na entrada da loja formava uma fila. Esse ano o Iron Maiden lançou o DVD, En Vivo, aí você disse que um cara ligou falando: -"ah, depois eu pego". Você acha que vai ser isso daqui pra frente?

 

Carlos: Não sei se vai ser. A única banda que toca o telefone e perguntam quando sai é o Kiss. Já tem gente ligando perguntando quando é que sai o novo Cd do Kiss, isso pode ser porque eu sou fã e apaixonado pela banda. Mas o Iron Maiden já teve os seus dias de glória, eles vendem aqui, nas Casas Pernambucanas, na C&A etc. Sei lá como é o esquema... Mas o romantismo que a gente tinha e o que era mais legal acabou faz tempo. Como eu disse no Lakos, você conta nos dedos os caras que vem aqui e falam: -"puxa eu consegui, que legal! Bacana, eu quero!" Isso mudou totalmente pelo perfil e pela evolução da tecnologia. Para que o cara vai querer comprar o En Vivo se ele vai ver no Youtube, se ele vai pegar o pirata no camelô e vai assistir uma vez ou duas vezes. O fã do Kiss é muito fanático, é como se fosse uma religião. Tem um número grande de fãs que dá gosto de estar com a aquilo que você vende com prazer, eles compram e não querem saber nem o preço. É por isso que a banda é diferenciada e que eu digo toda hora, que é uma banda que está acima de tudo e de todos.

A cada ano, você viaja para Suécia para ir ver o Sweden Rock Festival. Como foi a edição desse ano e o que esperar para 2013?

Carlos:
Principalmente eu não viajo, eu organizo grupos de brasileiros que vão pra Suécia, é meu trabalho. O Sweden Rock Festival é como uma coisa que eu criei e trouxe para mostrar que existe, fora do Brasil, um festival acima de tudo em organização e qualidade. Não dá para te falar sobre o festival, ele me agrada em tudo: organização, bandas, adversidade, esquema. É tudo bem montado e bem certinho. Como foi a edição desse ano? Maravilhoso! Em 2013? Vai ser maravilhoso! Em 2015? Vai ser sensacional, como foi desde 2005 quando fui pela primeira vez. E lá você realiza sonhos de vê bandas que você nunca pensou em ver e que trazem as bandas de volta ou contratam as que jamais pensaram em trazer. E eu deixo claro aqui que, quem quiser ir para o Sweden Rock Festival, não é um bicho de 7 cabeças. Entra em contato comigo (carlos@animalrecords.com.br), existe uma forma de parcelamento. Não é tão caro e você tem tudo incluso com estrutura montada. Eu sou o coordenador e faço todo esquema. E o que é Sweden Rock Festival? A Disney Land do Rock N' Roll!


Chegando ao fim da entrevista, o que você espera do novo álbum do Kiss, Monster?  

Carlão: Em 2009, quando saiu o Sonic Boom, eu tive certa crise com o Kiss, porque o último Cd de inéditas que eles tinham lançado era o Psycho Circus (1998). E a banda começou a fazer aquelas mesmices de shows. E, em 2008, eles fizeram aquela turnê Alive 35, que só tinha as músicas do Alive I. Parecia que eu estava em um casamento abalado e prestes a se separar. Eram sempre as mesmas músicas, sempre os mesmos shows e etc. O Sonic Boom foi aquilo que eu precisava para ter uma vida conjugal com Kiss muito legal. Eu achei o Sonic Boom um álbum fantástico! Aquilo reacendeu uma chama que estava se apagando em mim, que é a minha paixão e o amor que sinto pelo Kiss. E eu acho que o Monster, que foi o disco que eles voltaram fazer e se reuniram no estúdio, tende a ser um disco fantástico. A Hell Or Hallejujah, que foi a primeira música, não chocou. Nunca vai ser um clássico do Kiss e, daqui um tempo, ela vai sair do set-list e ninguém vai lembrar que existiu. O último grande clássico que o Kiss fez foi Pyscho Circus, a música. Depois disso, eles lançaram várias músicas boas, mas a que vai ficar na memória é a Psycho Circus. Então o que eu espero do novo álbum do Kiss? Com certeza, vai ser o melhor disco do ano! Porque quando o Paul Stanley resolve fazer alguma coisa todos sabem que ele é um cara diferenciado. O Gene Simmons, quando o segue, também faz coisas boas. Quando o Gene Simmons está sozinho é perigosíssimo, porque o mal gosto musical dele é tremendo, mas quando ele está com o Paul Stanley eu creio que vai ser um disco tão bom quanto o Sonic Boom.

Antes de encerrar, poderia citar o Top 10 dos seus discos favoritos?

Carlos: Vamos lá... 1) Kiss - Deströyer
2) Mötley Crüe - Shout At The Devil
3) Iron Maiden - Piece Of Mind
4) Ratt - Out Of The Cellar
5) Death Angel - Act III
6) Black Sabbath - Heaven And Hell
7) Hardline - Double Eclipse
8) Dokken - Back For The Attack
9) Crashdïet - Rest In Sleaze
10) Metallica - ...And Justice For All

E as suas bandas preferidas da Suécia e da Alemanha, que são praticamente o berço do Hard Rock?  

Carlos: Da Alemanha, vou citar cinco bandas que eu acho demais: Accept, Bonfire, Axel Rudi Pell, Scorpions, Pink Cream 69 - apesar que os músicos são de cada país -, mas é da Alemanha. Da Suécia: Crashdïet, H.E.A.T, Eclipse, TREAT - uma das minhas bandas de coração. E vou colocar uma das bandas que faz som pesado da Suécia, o Hammerfall.

E quais são seus planos para daqui pra frente?

Carlos:
A minha ideia é continuar lutando por uma coisa que eu acredito e amo, e tentar colocar na cabeça das pessoas que o Rock é uma obra de arte, uma dádiva de Deus. Tem que confiar, tem que acreditar e dar apoio às bandas. E vou continuar aqui, não sei até quando, mas tomara que por um bom tempo. Continuar vendendo disco e podendo mostrar aquilo que aprendi em tantos anos de Rock, porque existe muita coisa legal surgindo, de todos os lados, que nós temos que apoiar de uma forma ou de outra: comprando disco, comprando Lp, comprando DVD, indo aos shows, comprando camiseta e viajando. Isso faz com que a indústria do Rock não acabe nunca! Porque se não fosse o Rock hoje, o disco nem seria lançado, que tirando o fã de Rock e de Jazz ninguém compra mais disco, isso é claro e notório. E acreditar naquilo que sempre lutei e que curto pra caramba, e que não sei viver sem, é esse tal de Heavy Metal e Hard Rock.


Muito obrigado pela entrevista! Deixo o espaço para dizer o que quiser.

Carlos:
Muito obrigado por você ter me escolhido para essa entrevista. Estou a inteira disposição aqui na loja, e qualquer hora que precisar, para perguntar e saber de alguma coisa, podem contar comigo sempre.




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