As
primeiras referências documentais específicas sobre o atual território de Mauá
datam do início do século XVIII. Naquela época, a região que abrigava a área
onde hoje se localiza Mauá recebera a denominação indígena de
"Cassaquera", cujo significado é "Cercados Velhos". Já a
região vizinha, que ficava na parte alta do território onde se localizam Rio
Grande da Serra e Ribeirão Pires, chamava-se "Caguassu", cujo
significado é "Mata Grande".
A
região de "Cassaquera" abrigava um povoamento bastante disperso, cuja
existência estava diretamente relacionada ao caminho que ligava a então Vila de
São Paulo ao litoral e que, atravessando o território, passava nas vizinhanças
do atual leito ferroviário, na margem esquerda do rio Tamanduateí.
Com
o tempo, a localidade tornou-se passagem obrigatória para os povoados de Pilar
e São Bernardo. O povoado de Pilar desenvolveu-se ao redor da Capela de Nossa
Senhora do Pilar (atual Pilar Velho, Ribeirão Pires) construída em 1714,
estando à beira do caminho que conduzia para a Vila de Mogi das Cruzes através
dos campos de Taiaçupeba e Guaió. O povoado de São Bernardo também se
desenvolveu no entorno de uma capela, construída entre 1717 e 1720 pelos monges
beneditinos. A capela ficava numa fazenda e ambas se chamavam São Bernardo.
Em
1856 foi aprovado o decreto que permitiu a formação de uma companhia para a
construção da estrada de ferro Santos/Jundiaí e concedeu ao Barão de Mauá,
juntamente com o Marquês de Monte Alegre e o Conselheiro José Antonio Pimenta
Bueno (que viria a ser o Marquês de São Vicente), o direito de construir e
explorar a ferrovia por 90 anos.
Uma
das maiores dificuldades enfrentadas pelos primeiros idealizadores da
construção de ferrovias que ligassem São Paulo ao litoral ou, por exemplo, ao
Rio de Janeiro, foi a captação de recursos para a empreitada. Por isso, Irineu
Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, obteve do Imperador D. Pedro II a
autorização para buscar recursos fora do país. Valendo-se de seu prestígio
social, o Barão de Mauá conseguiu que boa parte das ações fosse subscrita por
pessoas de seu círculo de relações. Conseguiu também que os governos do Império
e da Província de São Paulo oferecessem as garantias exigidas pelos banqueiros
ingleses para o empréstimo de capital.
A
participação do Barão de Mauá na fase de construção da ferrovia foi também
intensa, fato ilustrado pela frequência com que sua presença era exigida
durante as obras. Foi por essa razão, aliás, que ele adquiriu, em 1862, uma
fazenda localizada no atual município de Mauá. Tal fazenda pertencia ao Capitão
João e possuía uma casa grande na qual o Barão teria morado e que hoje abriga a
Casa da Cultura e Museu Barão de Mauá.
A
construção da ferrovia, que começou no porto de Santos e seguiu em direção a
São Paulo, foi iniciada em maio de 1860. Projetar e construir a ferrovia foram
grandes desafios para os técnicos britânicos. A solução adotada para transpor a
Serra do Mar foi construir uma série de planos inclinados, com um declive de
10%, e utilizar locomotivas estacionárias para descer e subir os trens por meio
de cabos.
A
São Paulo Railway Company, organizada em Londres, foi a companhia formada para
a construção da estrada de ferro que ligaria Santos a Jundiaí. A inauguração da
estrada de ferro, em 16 de fevereiro de 1867, melhorou muito o transporte de
produtos agrícolas do interior para o Porto de Santos, em especial o café
produzido na Província de São Paulo, impulsionando o desenvolvimento local.
O
crescimento da então chamada Vila do Pilar motivou a Superintendência da São
Paulo Railway Company a instalar uma estação da ferrovia na localidade. Em 1883
foi inaugurada a então Estação do Pilar, toda construída em madeira, que viria
a representar importante papel no processo de industrialização do futuro
município. Em 1926, a Estação do Pilar passou a chamar-se Estação Mauá.
Desde
sua fundação a Vila do Pilar pertencia a São Bernardo (Freguesia de 1812 a 1889
e município a partir de então). Contudo, pela proximidade e pela facilidade de
acesso via ferrovia, a localidade ao redor da Estação São Bernardo (mais tarde
Santo André) sempre exerceu maior influência sobre Pilar, sobretudo nos
aspectos econômicos, comerciais e administrativos.
Mauá
foi de fato integrada ao município de Santo André em 1938. Em 1943, tanto no
então Distrito de Mauá, quanto nos demais distritos de andreenses (Ribeirão
Pires, São Bernardo e Paranapiacaba), já se falava no desejo de emancipação. O
plebiscito, que permitiu à população optar pela autonomia do distrito, ocorreu
em 22 de novembro de 1953. A efetiva instalação do município e posse do
prefeito, vice-prefeito e vereadores eleitos em 1954 acontecera, em 1º de
janeiro de 1955.
Jéssica Silva
(Retirado do Site da Prefeitura de Mauá-SP)
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